Mas que nada por Dizzy Gillespie
© Lecy Pereira
Então, 2016 quer surpreender os viventes até o finalzinho.
Tantos foram os fatos inesperados que ninguém precisará de desculpas para a ressaca. A anestesia tem sido de longa duração.
Da despedida de pessoas que no imaginário figuram como imortais às tormentas da Natureza: tudo vai ficando no scrapbook de alguns e na necessidade de esquecimento instantâneo de outros. O drama do existir parece sintético demais diante da teia global de vídeos, textos, imagens e áudios que acessamos conforme o nosso estímulo seletivo.
De repente, todos ficam embasbacados com a eleição de um incerto presidente estadudesunidense. Os mais americanos que o resto da América que se entendam com um tipo de eleição onde os delegados decidem mais que a vontade dos eleitores que vão às urnas. Fica subentendido que quem não vota está preparado para qualquer coisa. Não tem tempo ruim, não é mesmo?
Diante de tantas surpresas do 16 cabem mentalizações positivas, orações e aforismos do tipo: “Se o mundo lhe oferece um Trump (um homem de 70 anos que parece ter aprendido que só o dinheiro é importante na vida e o resto que se lasque) faça dele um trompete tocado com mestria por Dizzy Gillespie, um negro que soube conviver com todas as raças, interpretando no vídeo que acompanha esse texto “Mas que nada” do brasileiro Jorge Benjor. Que do excesso de erros possa nascer compreensões mais libertárias.
Caricatura de Donald Trump