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Velho Oeste



Segundo a Wikipédia, a enciclopédia livre da Internet, o rio da Prata é o principal afluente do Rio Tijuco, na bacia do Paranaíba, Minas Gerais. Tem sua nascente formada pelos Rios do Peixe e Piracanjuba, no município de Prata, e deságua no Tejuco próximo à sua foz com a represa de São Simão (Rio Paranaíba). Percorre seis municípios do triângulo mineiro: Prata, Campina Verde, Ituiutaba, Gurinhatã, Santa Vitória e Ipiaçu.

Após essa sessão geográfica mineira passemos aos fatos.

Que Seu Zé era festeiro, nós já sabemos. Que ele era convidado para tocar em festas também sabemos. O mais espantoso era a sua musicalidade de ouvido. Ele tocava instrumentos musicais como gaita, sanfona, viola e violão sem tomar conhecimento de qualquer uma das sete notas. Autodidata seria o adjetivo que melhor lhe caberia. Mas o tempo, ah, o tempo pode transformar uma pessoa radicalmente.

Pois foi nessas circunstâncias que os fatos aconteceram. Estava Seu Zé a tocar viola tranquilamente, melhor dizendo, animadamente quando quatro homens disposto a atrapalharem a diversão surgiram na festa. Se bem que eles vinham marcando Seu Zé havia algum tempo devido a sua fama no local. Eles estavam em São José da Prata, cidade que mudou de nome, vindo a ser a famosa Sacode.

Foi a conta de eles chegarem e Seu Zé parar de tocar, agradecer a todos e dizer que precisava se retirar.

Para quê? Essa foi a desculpa que eles precisaram para iniciarem uma batalha.

- Qual é baiano, tu tá de saída só por que chegamos? Que covardia é essa?

Seu Zé passou a mão na parte de trás da cabeça e retrucou:

-Será que eu ouvi alguém falar em covardia?

Se bem que ele não estava armado. Quer dizer, ele tinha uma faca peixeira, enquanto seus adversários estavam munidos de facões meia espada.

Tomado sabe-se lá por que tipo de coragem, Seu Zé puxou da sua faca e disse:

- Se é o que querem, então, vamos!

E saltaram para a escuridão noturna.

O sujeito que lhe provocara na saída foi o primeiro a desferir seus golpes, enquanto os parceiros ficaram de lado observando. Seu Zé reagia defendendo-se com a faca virada sobre seu punho. O barulho metálico era acompanhado por faíscas de fogo que saiam provocadas pelo impacto das lâminas.

O adversário de Seu Zé estava decidido a fatia-lo. E saltavam e subiam em pedras e se desviavam de golpes. Eles imprimiram um ritmo de ataque-defesa-ataque assombroso. Em alguns momentos eles pareciam levantados do chão tal a dinâmica do duelo.

Numa fração de segundos, Seu Zé percebeu que sua faca teve a ponta decepada devido à fúria dos golpes recebidos. Enquanto aquele homem rodava o facão no alto, Seu Zé enfiou um pedaço de faca no pescoço dele e pensou: “Esse está morto”. Surpreso com aquele golpe, o homem do facão cessou os ataques, talvez achando que tinha mesmo sido ferido de morte. Nisso, dois dos quatro comparsas desistiram do combate achando que a morte tinha entrado em ação por aquelas bandas.

Enquanto o primeiro homem dava uma trégua, o segundo partiu para cima de Seu Zé disposto a acabar de vez com aquela história. Só que dessa vez Seu Zé desferiu-lhe vários golpes de faca quebrada fazendo-lhe desistir dos ataques.

Meio anestesiados, os dois caboclos foram se retirando daquele cenário tomado pelo silêncio da madrugada.

Seu Zé encostou-se a uma pedra e esperou a manhã chegar.

Ao raiar o dia, sentindo seu braço direito dormente de tanto sustentar golpes mortais, Seu Zé se dirigiu  às margens do rio da Prata e ali arremessou sua faca quebrada nas águas.

Diz a lenda que após aquele combate Seu Zé parou de usar qualquer arma de fogo ou ferro frio.


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