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Considerado por muitos como o melhor técnico do futebol brasileiro atualmente, Marcelo Oliveira segue comandando com maestria o time do Cruzeiro. Campeão brasileiro em 2013, campeão mineiro em 2014 e atual líder da Série A com sete pontos de vantagem para o segundo colocado, o treinador se mostra atento a tudo para manter o fôlego celeste em busca do tetracampeonato.


Em entrevista exclusiva a O TEMPO, ele falou sobre sua formação como treinador, sua rotina, sobre esquemas táticos, sobre a dificuldades dos treinadores de trabalhar no Brasil, da falta de treinos e do futebol praticado em outras praças.

Antenado aos acontecimentos do mundo da bola, o comandante celeste quer muito mais à frente da Raposa. Ele almeja seguir na rota de conquistas e na elaboração de projetos para revelar jogadores. Para isso, Marcelo Oliveira deseja permanecer por muito tempo na Raposa.

“Talvez, um dos objetivos seja esse, de ser um dos poucos técnicos que possa ficar um longo tempo em um clube, gerando resultados, e agregando algo mais, fazendo um projeto de aproveitamento da base, onde por tanto tempo passei. Quem sabe isso não possa acontecer aqui no Cruzeiro”, cogitou.

No momento, o objetivo é seguir firme na ponta da tabela e se preparar para a maratona de partidas. “Ano passado, ficamos muito satisfeitos na virada do turno com 40 pontos. Ainda temos seis pontos para disputar e já temos 39. Nos últimos oito jogos, não perdemos. Empatamos dois e ganhamos seis. Nos últimos quatro jogos não levamos gols. Agora tem que monitorar o desgaste físico dos jogadores e utilizar o nosso elenco que entendemos ser muito bom”, concluiu.

CARREIRA

O que o jogador Marcelo Oliveira tinha de características para se tornar um treinador no futuro?

Eu me lembro que participava muito e interagia muito com os técnicos. Ficava atento as situações táticas, treinamentos. Pode ser que, a partir daí, possa ter aguçado posteriormente a condição de ser um técnico hoje.

Deu pra trazer alguma coisa do tempo de jogador para a função de treinador?

Deu sim. O futebol é uma escola. Trabalhamos durante 10, 15 anos como atleta, vivenciando o ambiente de concentração, de grandes clássicos, de jogos decisivos. O fato de ter sido jogador foi fundamental para ter uma base como técnico.

Quando decidiu ser treinador, você chegou a fazer algum tipo de curso. Como se preparou pra essa mudança de função?

Eu tinha muitas ideias, mas elas estavam um pouco desordenadas. Aí fiz um curso básico para ser técnico de futebol, na UFMG, e isso foi de muito bom proveito.

ESQUEMA TÁTICO

Como surgiu a postura tática que você implanta no Cruzeiro e nos times que você passou?

Uma coisa que contribuiu foi ter trabalho com o Telê Santana, que sempre montava times com toques rápidos, envolventes, com boa técnica, como a seleção de 1982. E a outra por ter sido atacante. Uma das maiores características que eu tinha era a técnica, o bom passe. Porém, no futebol atual, também precisa-se de muita marcação.

A marcação forte por causa do vigor físico do futebol atual está contribuindo para o retorno da função de ponta?

Sim. Só que o jogador atual cumpre mais de uma função. Eles precisam estar na área na hora do ataque, precisam recompor para marcar os laterais e armar o time também.

Como você se atualiza no futebol?

Observando o que vem sendo feito e avaliando o seu próprio trabalho. Diante das dificuldades, a gente cria um treinamento próprio. É uma reciclagem mais imediata. É preciso também estar atento ao futebol mundial.

FUTEBOL INTERNACIONAL

O técnico Pep Guardiola, ex-Barcelona, disse que o ciclo em um time de futebol deve durar cinco anos, tempo que dá pra se fazer um bom trabalho para, em seguida, procurar novos ares. Você concorda?

Concordo. Só que se ele falasse isso aqui no Brasil, as pessoas iam ficar muito admiradas, porque acho que nunca aconteceu. E me perguntam muito dos meus projetos, dos meus objetivos. Eu já tive duas propostas muito interessantes do mundo árabe e eu não quis. Talvez, um dos objetivos seja esse, de ser um dos poucos técnicos que possa ficar um longo tempo em um clube.

Qual a diferença do futebol que é praticado aqui no Brasil para o futebol praticado na Europa?

Acho que o jogador brasileiro se mobiliza e desmobiliza muito rápido. Temos que lutar por profissionais mais concentrados e dedicados. O calendário europeu com poucos jogos e o clima, ajudam também. Mas precisamos de mais profissionalismo e de um jogo mais rápido porque a técnica continua muito boa.

CRUZEIRO

Qual é o balanço que você faz do seu trabalho no Cruzeiro?

Ele é bom em função da combinação das coisas. Diretoria muito presente, dando todo apoio, o Alexandre (Mattos) sempre atento, muito dinâmico, e o planejamento de um grupo de jogadores que se compromete a lutar sempre pelo Cruzeiro. É um trabalho de todos. A frustração fica pela Libertadores, que a gente tinha esperança grande de conquistá-la.

Porque o Cruzeiro consegue atuar tão bem por tanto tempo e os outros clubes não conseguem?

Tínhamos três pilares: os jogadores da base, monitorar equipes medianas e da Série B e trazer atletas experientes e com prestígio. Acho que essa mescla deu muito certo.

TREINADORES

Depois da goleada do Brasil para a Alemanha, muito se falou do atraso tático dos treinadores daqui. Você crê nisso?

Não. O Brasil peca muito porque se troca muito de treinador. Se você troca de três a quatro técnicos em um ano, e perde os melhores jogadores em virtude do comércio do futebol, você não se forma time. Aí quando você vê o outro lado, a Alemanha que foi campeã, tem quase sete anos de trabalho. Isso é impossível no Brasil, infelizmente.

Falta muito para o Brasil pensar nesse trabalho a longo prazo?

É um processo difícil a curto prazo. Tem que mudar muito a parte administrativa do futebol. O futebol tem que ser administrado com mais seriedade, os clubes têm que fazer projetos.

FUTURO

Futuramente, você pensa em treinar clubes fora do Brasil ou a seleção brasileira?

Normalmente, não faço projetos a longo prazo. Penso sempre em dirigir, dentro daquele prazo do contrato da melhor forma possível, com lealdade, com intensidade, sendo feliz para que as coisas aconteçam naturalmente.

Seu objetivo é permanecer no Cruzeiro por muito tempo?

Esse talvez seja o objetivo pra quebrar essa cultura de mudança constante, e a gente poder fazer um trabalho com um tempo maior, mais envolvido não só com o time, mas com o clube como um todo, principalmente com as categorias de base, com um projeto pra se fazer um aproveitamento constante, já que o Cruzeiro tem uma boa formação de jogadores.



Marcelo Oliveira almeja seguir na rota dos títulos e está de olho nas revelações da base celeste




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