´Achei que era só um formigamento no braço e quando vi tinha sofrido um AVC´ [Portal VozdoCLIENTE]
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´Achei que era só um formigamento no braço e quando vi tinha sofrido um AVC´ Portal IG.COM.BR


Glória Madeira, 45 anos, nunca imaginou que teria um AVC. "Para mim, aquilo era coisa que acontecia com idoso"



Começou numa tarde. O braço de Glória ficou mole e a perna não respondia mais. Foi preciso sentar no sofá até que passasse. Passou de vez, aparentemente. Só que quinze dias depois, logo depois de acordar, o braço parecia dormente tanto que a xícara de café caiu no chão.

Foi nessa hora que a mãe de Glória Madeira ligou, mas não dava para entender nada do que ela falava. “Mãe, eu ligo para a senhora depois, tá bom?”, desligou. No banheiro, o braço direito e a perna direita pararam de vez. A força era igual à zero. Não conseguia sair dali. Caiu no chão e por sorte a cachorrinha Belinha notou que algo estava acontecendo, empurrou a porta e começou a latir. Só assim foi socorrida.

Glória, 45 anos, teve um acidente vascular cerebral há dois anos e sete meses. “Quando que eu ia imaginar. Nem sabia direito o que era e achava que isso só dava em idoso”, disse. 

O desconhecimento que Glória tinha é comum entre os brasileiros. De acordo com uma pesquisa recém-divulgada, apesar de ser a segunda principal causa de morte no mundo, muitos brasileiros ainda não reconhecem a ameaça que o acidente vascular cerebral representa. No Brasil, a doença mata mais que o infarto.

Segundo o Ministério da Saúde, são mais de 100 mil pessoas mortas pela doença todos os anos. O público mais atingido são homens, mulheres e crianças que tenham fatores de risco como: hipertensão, colesterol alto, sedentarismo, diabetes e tabagismo.

A doença é causada pela interrupção do fluxo sanguíneo dentro das artérias cerebrais, pode matar e tende a deixar sequelas. A obstrução resulta na falta de oxigênio para alguns neurônios, que morrem num tempo curto e não são recuperáveis. “A pesquisa mostrou que apenas uma em cada 10 pessoas sabe reconhecer um AVC e sabe quais procedimentos devem ser seguidos nestes casos”, afirma a médica Carla Peron, diretora do departamento médico e científico da Covidien América Latina e uma das autoras da pesquisa.

O estudo foi realizado dentro da área metropolitana de São Paulo em 7 e 8 de outubro de 2014 com 363 adultos (a partir de 18 anos). Além disso, para fins de comparação, foram concluídas 511 entrevistas com adultos residentes no Brasil entre 7 e 11 de outubro de 2014.

Glória conta que levou oito horas para ser diagnosticada com AVC. “Um vizinho, que é bombeiro, chamou a ambulância, mas eu fui parar no pronto socorro e acharam que era ‘estado emocional’. Foi só quando a minha prima, que é enfermeira, chegou que viu que era um AVC. Me levaram para o Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), fiquei lá oito dias.”, disse.

A prima de Glória percebeu os sintomas: perda de força muscular de um dos lados do corpo, dificuldade de fala, dificuldade de caminhar, dificuldade de força. “Ela disse que a minha cara estava torta e que eu tinha todos os sinais de AVC. Só podia ser AVC”, disse.

A médica Carla ensina três maneiras de identificar sinais de AVC. “Peça para sorrir e perceba se há assimetria. Peça para abraçar e perceba se há assimetria. Peça para cantar uma música e veja se há dificuldade de fala. Se identificar alguma coisa, é bom ir para o hospital”, disse.

Em quase todos os casos, a doença dá um sinal, uma espécie de AVC temporário, que dura alguns minutos ou horas, e depois desaparece completamente. É o ataque isquémico transitório (AIT), quando o fluxo de sangue para o cérebro é interrompido por um curto período de tempo. Glória teve um AIT, mas ignorou os sinais. “Estava estressada e também já tive algumas vezes formigamentos. Achei que não era nada”, disse.

Carla afirma que o procedimento é que o paciente com AIT vá ao hospital e seja tratado. “É importante, pois evita um AVC e suas sequelas, que podem ser incapacitantes”, disse.

O acidente vascular cerebral afeta uma em cada seis pessoas em todo o mundo. Glória ficou com quase nada de sequela e já voltou a trabalhar após 8 meses de recuperação. “Quem me conhece muito bem fala que fiquei com uma sequela. Mas quem não me conhece diz que não podia imaginar o que eu tive”, comemora.

Ela diz que quando está nervosa a fisionomia muda e a voz é levemente alterada. “Graças à Deus, quer dizer graças à fisioterapia, terapia ocupacional, psicólogo, que eu não tenho sequelas”, diz.

Mesmo com tudo o que aconteceu, Glória conta que ninguém de seu ciclo de amigos ou família aparenta ter medo de ter um AVC. “Só eu, que mesmo me cuidando e largando o cigarro, acabei de descobrir que estou com colesterol alto. Morro de medo de ter outro”, confessa.



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