Bastidores do debate: Dilma e Aécio ficam frente a frente, mas fogem do olho no olho [Portal VozdoCLIENTE]

Bastidores do debate: Dilma e Aécio ficam frente a frente, mas fogem do olho no olho BBC Brasil


Faltando 12 dias para as eleições, Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) enfim se encontraram neste segundo turno. O aguardado "olho no olho" entre os presidenciáveis, no entanto, aconteceu só na televisão.



A reportagem da BBC Brasil acompanhou o debate na noite de terça-feira nos estúdios da TV Bandeirantes, em São Paulo. Mesmo posicionados frente a frente no centro do estúdio, o tucano e a petista quase não trocaram olhares.

Por duas horas, ambos revezaram sua atenção entre os cronômetros e as câmeras (quando perguntavam ou respondiam), anotações pessoais (quando eram questionados) e assessores (que literalmente corriam para os púlpitos ao fim de cada bloco).

A barreira simbólica entre Dilma e Aécio - que apareceram tecnicamente empatados nas últimas pesquisas de intenção de voto - se repetia na plateia.

Como que por ironia da organização, petistas ocupavam as cadeiras do lado direito, enquanto aos tucanos foi destinado o extremo esquerdo. José Serra (PSDB), recém-eleito senador, e Fernando Haddad (PT), prefeito de São Paulo, foram discretos e se sentaram em meridianos opostos sem chamar atenção.

Para evitar confusão, todas as poltronas laterais traziam em letras garrafais as siglas dos respectivos partidos - no eixo central, fotógrafos, jornalistas e convidados isolavam as duas partes.

Nervosismo

Durante toda a noite, Dilma e Aécio se aproximaram por duas únicas vezes - no começo e no fim do programa de TV.

Atiçados pelos cliques que pipocavam da plateia, eles faziam questão de sorrir durante os encontros - "mas riso amarelo é pior que cara feia", reclamou um dos fotógrafos do evento.

Quanto mais agressivas se tornavam as acusações entre os candidatos, mais nervosos se punham os engravatados da plateia. Numa espécie de coreografia, eles resmungavam quando seus correligionários eram acuados e vibravam a cada fala positiva.

Quando Dilma Rousseff questionou Aécio Neves sobre suas políticas em relação à violência contra mulheres, a ala tucana recuou. "Aonde essa mulher quer chegar?", reclamou um parlamentar a uma jornalista.

Do outro lado, quando o mineiro disparou que a maior fonte de medo dos brasileiros seria o próprio PT, militantes do partido se irritaram. "Golpe baixo", ouviu-se da plateia.

Churros

Nem nas idas e vindas da área VIP (restrita aos convidados da plateia), tucanos e petistas se misturavam.

Entre barraquinhas de pizza, cachorro quente, cheeseburguer, minichurros e refrigerantes (não havia bebidas alcoólicas), pequenos grupos de senadores, deputados e ex-governadores criticavam os programas dos adversários - enquanto enalteciam os seus.

No centro do salão, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman, coordenador de campanha de Aécio, comentava a propaganda eleitoral de seu candidato. "Esse cara é bom", disse a assessores, apontando para um cabo eleitoral que elogiava o senador mineiro em seu programa de TV.

Rui Falcão, presidente do PT, repetia um mantra aos jornalistas que o cercavam. "O que está em discussão são dois projetos de Brasil diametralmente opostos", afirmava. "Nós sabemos qual é o melhor."

Beto Albuquerque (PSB), candidato a vice na chapa de Marina Silva, sorria ao lado de tucanos como o senador Álvaro Dias. "A aliança com o PSDB é muito salutar", disse à reportagem, com um copo de guaraná na mão.

Coincidência ou não, os políticos evitavam experimentar as guloseimas. Mas havia longas filas em torno dos quitutes: elas eram formadas por funcionários da TV e profissionais de imprensa.

Militância

O entorno da sede da TV Bandeirantes foi isolado pela polícia durante todo o debate - para passar pela segurança, só com convite. Era ali, do lado de fora, que a divisão entre petistas e tucanos chegava a seu auge.

Militantes de ambos os lados foram posicionados pela organização em esquinas opostas do quarteirão. A reportagem contou aproximadamente 30 simpatizantes de Dilma e 50 de Aécio - enquanto dilmistas gritavam palavras de ordem e agitavam bandeiras vermelhas, aecistas vestidos de azul dançavam um funk criado para a campanha do candidato.

Questionados pela reportagem, quase todos disseram ter se deslocado ao luxuoso bairro do Morumbi espontaneamente, sem pagamento de cachê. "Ganhei R$ 6 para a passagem e mais um pouco para o lanche", reconheceu uma das entrevistadas, que quis manter nome - e partido - em sigilo.

"Acho bom que a gente fique longe. Imagina se sai briga justo hoje?", disse o auxiliar Roberto Carlos, de 22 anos, enquanto agitava uma bandeira com o número 45.

A 100 metros dali, a desempregada Rita de Almeida, de 54 anos, lamentava: "Amo o PT, mas fico triste por não poder entrar e ver a Dilma".



Veja a reportagem na fonte.



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